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Tecnologia pode afetar até 60% dos empregos

Tecnologia pode afetar até 60% dos empregos

18/10/2018
Fonte: Força Sindical

Com a adoção de tecnologias presentes na indústria 4.0, como inteligência artificial, realidade virtual, nanotecnologia e robótica, 59,91% dos empregos formais do Grande ABC podem ser impactados por substituição ou ter ganho de produtividade.

 

Isso significa que 437,2 mil dos 729,7 mil trabalhadores terão sua rotina alterada de alguma forma. As informações são da quarta Carta de Conjuntura, divulgada ontem pelo Conjuscs (Observatório de Políticas Públicas, Empreendedorismo e Conjuntura da Universidade Municipal de São Caetano).

Segundo Paulo Roberto Silva, diretor do Itescs (Instituto de Tecnologia de São Caetano) e responsável pelo levantamento, apenas 6,5% dos celetistas – aqueles que são regidos pela CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) – serão substituídos. “Desses postos, o maior peso, cerca de 35%, será no setor de telemarketing, pois os operadores serão trocados pela inteligência artificial”, explica.

Outro segmento que deve ser fortemente impactado é o comércio. “A aderência às plataformas de e-commerce está crescendo, o que impacta diretamente os trabalhadores desse setor”, afirmou Silva. Contudo, não é possível estimar em quanto tempo essas mudanças chegarão aos trabalhadores, uma vez que depende da velocidade de adoção dos recursos.

O fato de as indústrias da região terem passado por modernização, que incluiu automação das linhas de produção, na década de 1990, faz com que o setor não promova substituição da mão de obra. Assim, a adoção de novas tecnologias gera ganho de produtividade para 53,41% dos empregados formais, enquanto o índice de cortes é menor do que em outros ramos de atividade.

Entretanto, vale lembrar que, conforme publicado pelo Diário em fevereiro, o número de trabalhadores nas indústrias caiu pela metade, de 363,3 mil para 186,3 mil, entre 1989 e 2017. As dispensas foram causadas pela desindustrialização das sete cidades, que perdeu 58,3% das grandes empresas no período.

Especialistas avaliam que, dificilmente, o nível de emprego industrial irá voltar ao mesmo patamar. “Daqui para frente, a empregabilidade não será tão forte, mas a receita vai continuar a crescer, até por conta da automação industrial que existe no setor automotivo. Os municípios devem se voltar a novo perfil de mão de obra para outras oportunidades, agora mais voltadas à parte tecnológica”, destacou Antônio Jorge Martins, coordenador do MBA em Gestão Estratégica de Empresas da Cadeia Automotiva da FGV (Fundação Getulio Vargas), à época.

QUALIFICAÇÃO

Silva assinalou que iniciativas educacionais para requalificação dos trabalhadores para o ambiente digital, assim como a qualificação e orientação das empresas sobre tendências de transformação que impactam em seus negócios são essenciais para a sobrevivência desses agentes após a quarta revolução industrial.

O diretor do Itescs salienta que é necessária a disseminação da cultura do empreendedorismo e da inovação no Grande ABC. “É preciso envolver governos em níveis estadual e municipal, universidades e o ecossistema de startups para desenvolver a mindset (mentalidade) dos conceitos digitais”.

Por exemplo, no caso da impressora 3D, uma das principais tecnologias da indústria 4.0 e que já está sendo utilizada, apenas 1.258 pessoas da região estão qualificadas para lidar com essa tecnologia. Conforme o levantamento do Conjuscs, esses profissionais atuam nas engenharias de mecatrônica, controle e automação, química, de materiais e de produção.

“Esse número ainda é muito tímido para as necessidades dos próximos anos”, pontuou Maria do Socorro Souza, doutoranda e pesquisadora do Conjuscs. “Porém, o Grande ABC tem recursos para incrementar essas formações, enquanto as fábricas precisam se reestruturar por meio de estratégias para sobreviver às mudanças.”

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