Os testes para a vacina contra o vírus zika podem começar antes do previsto. A informação é do diretor do Instituto Evandro Chagas, Pedro Fernando da Costa Vasconcelos, que coordena o projeto de desenvolvimento do medicamento em parceria com a Universidade Medical Branch, do Texas, nos Estados Unidos.
Segundo ele, o cronograma de experimentos com animais pode começar a partir de novembro deste ano, fase que estava prevista para fevereiro de 2017.
“Há possibilidade de acelerar as etapas da produção da vacina contra o zika vírus. Tudo vai depender de negociações com o Anvisa e Organização Mundial da Saúde, mas se tudo correr bem, provavelmente até novembro iniciemos os testes em animais”, explicou.
Está previsto o estudo em pessoas nos estados que não registraram até o momento a circulação do zika, como Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Amapá.
O motivo da antecipação, de acordo com Vasconcelos, é que o estudo está correndo com bastante eficiência, o que os deixa otimistas para ter este produto desenvolvido antes do previsto. “O desenvolvimento vacinal segue o protocolo acordado com a OMS, é testado primeiro em animais e depois em humanos. O tempo médio de desenvolvimento é de cinco a sete anos, mas se tudo correr bem, vamos conseguir diminuir para dois ou três anos”, estimou. Além disso, por conta do risco de epidemia, a vacina pode ser aprovada antes de ser testada em humanos.
A divisão por fases é importante para medir a eficiência do medicamento. A primeira etapa, em animais, verifica os possíveis efeitos colaterais ou adversos que possam ser graves. Nos testes com humanos, além de reavaliar as reações, também checam a capacidade do antígeno em proteger a população. A última parte determina o percentual de pacientes protegidos.
O medicamento será indicado para mulheres em idade fértil, crianças e adolescentes. Ela não será indicada para gestantes, pois conterá o vírus atenuado, ou seja, o vírus vivo, assim como na vacina de rubéola, uma das doenças também responsáveis por malformações cerebrais em bebês.
Vasconcelos também integra o Comitê de Emergência para Zika e Microcefalia da Organização Mundial da Saúde. A proposta para que os prazos sejam encurtados será apresentado para o grupo na próxima reunião, prevista para os dias 6 e 7.