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A ANVISA liberou recentemente o uso emergencial das vacinas Coronavac (China) e a de Oxford, mas nós já sabíamos que teríamos um longo caminho até de fato a população ser vacinada.  

E o problema nem é simplesmente financeiro ou de logística. A guerra da vacina virou uma disputa de poder e de egos.  

Ontem mesmo essa novela teve mais um capítulo. Em um evento com ex-presidentes promovido por João Dória, o ex-presidente Temer, um dos interlocutores do governo chinês pela embaixada no Brasil, disse: “Hoje ainda, às 11h00, falei com o embaixador da China no Brasil. Nessa conversa, a notícia que tive é que os insumos estão sendo acondicionados. Há uma pequena questão técnica na China, mas eles virão para o Brasil"....  

Não demorou muito para Bolsonaro recorrer ao Twiter, bem ao estilo do finado Donald Trump, para contar uma inverdade: "Embaixada da China nos informou, pela manhã, que a exportação dos 5400L de insumo para a vacina Coronavac aprovada, e já estão em vias de envio ao Brasil, chegando nos próximos dias. Assim também os insumos da vacina Astra-Zeneca que estão com liberação sendo acelerada.... Agradeço a sensibilidade do Governo chinês, bem como o empenho dos Ministros @Itamaraty GovBr @ernestofaraujo, @minsaude Eduardo Pazuello e @Mapa_Brasil @TerezaCrisMS....   

Tudo mentira, à exceção do merecido agradecimento pelo reforço da ministra da Agricultura, Tereza Cristina, que desde o início manteve uma relação profissional com a China.  

Logo depois o governo de São Paulo emitiu uma nota desmentindo Bolsonaro. "Não é verdade o que disse o Presidente Bolsonaro em redes sociais, de que a importação de insumos da China foi uma realização do Governo Federal.... Todo o processo de negociação com o governo chinês para a liberação de 5.400 litros de insumo para a vacina do Butantan foi realizado pelo Instituto e pelo Governo de São Paulo, que vem negociando com os chineses a importação de vacinas e insumos desde maio do ano passado...”  

A verdade é que nenhum de nós está preocupado com a autoria dessa negociação. Estamos vivendo umas das maiores crises de saúde pública da história, o Brasil ultrapassou a marca dos 217 mil mortos pelo Covid, a economia não dá sequer sinais de recuperação e temos que assistir essa briga de egos de quem deveria representar os nossos interesses. Independente de quem vai trazer os insumos e a vacina, só nos interessa saber: quando seremos imunizados?